05 outubro, 2011

Saúde no Brasil, investimentos perdem até pra África

Ser   dependente   do   SUS   é   quase   como   viver   na   idade   medieval.   Pode   parecer
exagero da ótica de alguém que cresceu e viveu indo em limpos e organizados hospitais
particulares, mas é a realidade diária de 80% da população brasileira que  é obrigado a
frequentar esse poços de imundice, lá é o único lugar fora a cadeia em que você pode
entrar   saudável   (ou   inocente)   e   sair   bem   pior.   Neste   momento   estou   assistindo   uma
reportagem feita no Mais Você, eles mandaram alguns repórteres fazerem uma pequena
blitze em alguns hospitais do Rio de Janeiro, não faltaram relatos de pacientes mortos, de
falta ou  ausência de atendimento, ou que entraram com uma suposta doença e sairam com
outra bem mais grave. Se na cidade brasileira mais admirada e exibida no exterior é assim,
imagine nas outras? Não precisa imaginar, se você mora no Brasil, visite o hospital mais
próximo de você quando estiver com uma gripe, só tenha o cuidado de estar com o seguro
de   vida   em  dia,   caso   passe  pelos   corredores  com   dezenas  de   pessoas  contaminadas   de
diversas   doenças,   no   máximo   você   vai   ganhar   um   “compre   um   anti­térmico   ali   na
farmácia”, belo conselho, não? Pra ouvir isso bastava eu ligar pra minha mãe, e ela ainda
iria fazer uma canja, preparar uma cama quentinha e mimos até eu ficar curado. No SUS,
conseguir um banquinho já é sinal de que é seu dia de sorte, hora perfeita para rezar para
Deus, Alá, Jesus, Preto Velho e YHWH pra conseguir sair saudável do lugar. Eu posso falar
sobre   o   assunto   porque   já   frequentei   ambos   os   ambientes,   felizmente   permaneci   no
particular, mas também já tive dias que voltei pra casa com febre e uma mãe preocupada.
Mas   você   deve   estar   se   perguntando:   “Afinal,   porque   a   saúde   no   Brasil   é   uma
mer*&?”.   Siga meu raciocínio: Arrecadamos no ano passado 1 TRILHÃO e setecentos e
poucos BILHÕES de reais, uma porcentagem disso foi para a saúde, algo perto de 3% do
PIB total, a média da África é de 9% dos respectivos PIBs. Em um ranking mundial, o Brasil
ficou nos últimos lugares. Se até países com guerras, instabilidade, fome e várias outras
moléstias viram a importância da saúde, porque o Brasil faz diferente?
Mas foram compradas mais de Duas Mil ambulâncias ano passado! Foi investido
dinheiro! Seria se mais da metade delas não ficasse parada, apenas servindo para esfregar
na cara do contribuinte o quanto ele está sendo ludibriado. Mais um detalhe, o estranho
hábito de alguns prefeitos de cidades do interior daqui do Pará: compram ambulâncias para
dizerem que  investem  na  saúde do  município(seguindo  o  péssimo  exemplo)  e mandam
todos os pacientes da sua cidade para a capital, Belém. Pronto, problema resolvido, matam
dois   coelhos   com   uma   cajadada   só,   se   livram   das   cobranças   dos   eleitores,   afinal,   eles
investiram dinheiro na saúde, e de quebra se livram da responsabilidade de cuidar dos
cidadãos  que  o  puseram   no   poder,   joinha  pra  eles!   Enquanto   surgem  aqui   centenas   de
moradores do outro lado do estado procurando algo ausente em suas cidade, lotando ainda
mais as fileiras de macas nos corredores nos hospitais locais, o governo de Belém fica sem
como resolver o problema dos nativos, já que se consegue atender digamos, metade dos
belenenses,   surge   o   dobro   de   pessoas   oriunda   de   Curralinho,   Óbidos   e   do   Marajó   por
exemplo. Como aqui há hospitais maiores, com equipamentos especializados (e obsoletos
em   sua   maioria,   diga­se   de   passagem),   é   preciso   sim,   receber   pacientes   vizinhos,   mas
apenas para casos específicos, não pra todos. É como encher uma garrafa furada, não terá
fim  até   que   o   governo  do   estado   se  organize  para  resolver  pelo   menos  uma   parte   dos
problemas causados pelos espertinhos prefeitos.
Os tão mal falados médicos não são os vilões da história, recebem bem menos que
seus colegas que trabalham na rede particular, isso quando conseguem ver seus salários, já
que atrasos no pagamento não são exceção, são a regra. Podemos ver e sentir claramente a
falta de vontade de alguns profissionais, mas a boa vontade e dedicação ao ofício ainda
estão presentes, felizmente. Que trabalham quase como caridade, porque realmente amam
sua   carreira,   não   estão   ali   simplesmente   porque   sua   familia   insistiu   para   fazerem   uma
faculdade famosa. Boa vontade muitas vezes é tudo que eles tem, pois alguns chegam a
comprar o próprio material de trabalho. Não foram poucas as vezes que ouvi “ Não temos
material” vinda da boca de uma enfermeira ou até na porta do hospital, pois a atendente
me fez evitar perder meu tempo zanzando pelo recinto, numa procura inútil de algo que é
fundamental.
Para esse grande problema não basta apenas dinheiro, dinheiro e mais dinheiro.
Temos  N  exemplos de setores que receberam grande quantia e não melhoraram, pois se
tornaram   um   enorme   atrativo   para   sanguessugas   da   União,   vendo   que   tem   de   sobra,
pensam: “Opa, tá pra mim, não vai fazer falta esses 20 mil já que tem milhões na conta!
Hehehehehe”.
Para   resolver   isso,   é   preciso   boa   gestão,   organização   e   principalmente,
transparência.   Se   a   população   visse   o   quanto   de   dinheiro   que   é   gasto   com   luxos
completamente supérfluos de políticos, provavelmente ficariam mais atentos na hora de
votar neles. Pois nas eleições, pelo menos nós temos um falso e curto gostinho de poder, na
falta de opções, ficamos com o que tenha maior habilidade de disfarçar seus roubos. Ainda
há sim bons políticos, aqueles que a gente se orgulha de votar. Mas nosso governo é feito
para cada parte a outra, sem dominância de uma só, não basta boa vontade de uma parte,
se outra esfera do governo apenas aprova leis de datas comemorativas. A que realmente
pretende mudar algo, fica sem ter como agir. Há inúmeras leis inúteis, que só servem pra
tornar ainda pior o lento processo de sanção de emendas e novas leis. Enquanto há projetos
de leis que poderiam mudar muita coisa, há perdas de papel e precioso e bem pago tempo
no congresso, só para citar, temos uma lei (em proposital congelamento nos arquivos) de
que   o   cargo   de   vereador   deve   ser   não­remunerado,   economizando   milhões,   mas   os
possíveis prejudicados usam de toda sua influência para evitar tal “tragédia”.
Administração   é   fundamental,  direcionar  a  quantidade  de  dinheiro   certo   para  o
lugar   certo,   sem   conversas   desnecessárias   e   enganosas   de   que   precisa   de   excesso   para
melhorar. Afinal, uma família de padrão bastante comum consegue alimentar e criar a si
mesmos e seus filhos com um escasso orçamento! Deveríamos seguir o modelo da maioria
da população , que consegue SOBREviver com uma boa gestão e administração dos bens,
do que ter como ideal uma vida de excessos, cheios de comidas que custam o equivalente
para alimentar uma família por meses.

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